Historicamente, sair cedo da casa dos pais é coisa de meninos.
Ou isso está mudando drasticamente ou meu círculo de amigos está ficando muito mais homogêneo do que eu percebo.
Sair de casa cedo foi, pra mim, uma parte fundamental no meu crescimento, amadurecimento e desenvolvimento, além de melhorar sensivelmente o relacionamento com meus pais, que vinha se desgastando com a natural rebeldia da adolescência.
Passei por várias fases, todas igualmente importantes para o auto-conhecimento, e que não deixo de achar que todo mundo deveria passar.
Morei muito tempo sozinha. Era perfeito pra independência. Ter um espaço só meu, poder fazer nele o que eu quisesse, poder voltar pra casa ou não dependendo apenas da minha vontade, receber quem eu quisesse, enfim... tudo do meu jeito. Mas morar sozinha pode ser extremamente solitário.
Já morei com parentes também. É bem diferente de morar com os pais. A casa nunca é sua e eu sentia a obrigação de ser formal o tempo todo, não formal de reunião de empresa... mas formal de relacionamento com a família que não é nossos pais... aquelas pessoas que você conhece desde que nasceu, mas com quem você nunca vai ter a mesma intimidade que tem com seus pais.
Também já morei em República, com pessoas que não conhecia. Acho que esta foi a pior fase pra mim. Morar desta forma é uma loteria, onde você pode dar a super sorte de dividir espaço com alguém que tem as mesmas características que você ou com alguém completamente diferente de você. Mesmo sendo uma pessoa extremamente paciente e tolerante acabei me desentendendo com minha colega de quarto mais de uma vez durante esse período, por coisas desnecessárias, portanto, não gostei da experiência.
Já fui casada também. Morar com o cônjuge foi uma experiência ímpar. Até então nunca tinha nem apresentado muitos namorados pros meus pais, quanto menos dividir o teto com alguém com quem eu estivesse realmente comprometida. Achei interessante essa coisa de dividir a vida, não só a casa. Pra mim foi uma fase de se perder e se encontrar internamente diversas vezes.
Hoje divido apartamento com amigos. A melhor fase de moradia até agora na minha opinião. Claro que tenho que admitir que dei muita sorte em conseguir dois amigos muito parecidos comigo para dividir a casa, o que facilita muito as coisas, mas ter idéia do seu comprometimento com seus companheiros de moradia é fundamental. Respeitar o espaço das pessoas e ter seu espaço respeitado.
Chamamos nossa casa de República mas ela não é uma. Não temos rotatividade de moradores. Ela só se parece com uma República porque amigos nos visitam o tempo todo, não nos preocupamos demais com a arrumação do ambiente e a geladeira está sempre repleta de álcool. hahaha
De qualquer forma, o mais importante nisso tudo é a experiência, em cada situação. Não acho que alguém consegue realmente se descobrir morando com os pais aos trinta e tantos anos de idade. Não que eu esteja criticando (sei lá... acho que estou, né?) mas tem coisas pelas quais uma pessoa nunca vai passar até ter que tomar conta do próprio nariz sozinha de verdade.
Mas, né? Quem sou eu pra dar pitaco. Só o que posso fazer é garantir que a experiência de sair de debaixo das asas dos pais é divertida, ainda que trabalhosa. Enfim... acho que é só uma coisa pra se pensar já que mais um ano tá começando, né? ;)
Beijocas e até o próximo!